Meu depoimento
Meu contato com a poesia é bem antigo. Quando criança, eu
era o atrativo da família, ao recitar “Batatinha quando nasce” em cima do fogão
à lenha, lá no sítio onde nasci. Na Escola, já na cidade, as letras me
emocionaram mais que os números. Sempre tinha uma produção de texto que
arrancava elogios dos professores e colegas. Escolhi estudar a Língua
Portuguesa, mais profundamente, ao levar uma advertência por escrito, por ter
usado uma gíria da época com a professora de Português. Jamais esqueci aquilo.
O hábito da leitura era algo bem natural. Era necessário ler tudo, pois todas
as informações vinham através dos livros. Mesmo hoje, com todas as facilidades
virtuais, estou sempre com um livro nas mãos. Eles são meus companheiros de existência.
Acredito que a escrita é o copo transbordando das leituras adquiridas. Por
isso, escrevo, escrevo, escrevo. Tenho aqui um poema meu. É o que sinto com
relação à Poesia.
Poesia
Conceição A . Giacomini Soares
A poesia, o ópio do meu dia,
Crio um mundo inteiro nas mãos.
Deliro sem me lembrar da realidade,
Que se confunde demais em meu peito.
Jamais imaginaria viver sem criação.
Alucino as dores, até que virem prazer.
Mesmo queimando neste inferno,
Vejo-me pairando com os anjos no céu.
Ela vem, utiliza-me no papel,
Despoja-se desvairada, descabelada.
Quer me possuir cada dia mais.
Aceito. Sou cúmplice, sou testemunha.
Este encanto me embriaga, como champanhe,
Entorpece meus sentidos, numa toada.
O mantra que a vida criou para me iludir.
Para me anestesiar e continuar, continuar...
Sinto-me a deusa, com poderes humanos,
A humana, com poderes divinos.
Companheiras, unidas pelos laços das
palavras.
Uma grita a emoção dentro da outra...
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